quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A CRISE DA FALTA D´ÁGUA

Olás...


Quando o Sistema Cantareira secará? O Êxodo chegou a São Paulo? A culpa é de Deus? Quando as autoridades deixarão de enrolar? Quando assumirão que haverá racionamento de água? O volume morto do Sistema Cantareira já vai ser "enterrado"? 

A esses questionamentos nem especialistas sabem respondê-los, por várias razões. Uma delas, porque não são especialistas no que diz respeito a apresentar soluções para um problema que ameaçava "transbordar" a qualquer instante, ou, melhor dizendo, em qualquer verão.

Desde o ano passado (2014), temos acompanhado no noticiário o problema da falta d´água em áreas urbanas do País. Ultimamente, a situação tem piorado, a exemplo de algumas cidades dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Qualquer brasileiro sabe identificar no mapa a região no Brasil onde a escassez de água é extrema: o Semiárido nordestino. Nessa região, são inúmeras as localidades que não contam com fontes permanentes de água doce, como rios, lagos, açudes e poços. Nesses casos, a pouca água que existe - literalmente - cai do céu.

Contudo, a suportação das dramáticas e longas secas na Região Nordeste tem sido encarada pelo conformado povo nordestino com um "Deus sabe o que faz", e rezas ao "Padim Ciço (Padre Cícero). Na "terra ardendo qual fogueira de São João", em uma das trágicas secas na década de 70, cinco anos sem cair um pingo d´água de chuva, 50% do gado morreu por falta d´água, a desnutrição explodiu e milhares de pessoas morreram de sede e fome. No semiárido, quase não tem lagos e rios volumosos, que poderiam induzir a formação de aguaceiros locais.

Aliás, tenho um amigo que nasceu em Olho D´Água das Flores, sertão de Alagoas. Ele sempre comenta que por lá nunca existiu flores, muito menos água. Mas, segundo  pesquisa, em 1800 existia um olho d´água ao pé de uma serra. Mas meu amigo não é de 1800, ora bolas!

Voltemos ao tema.

O que tem acontecido nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com a temperatura chegando aos 40º,  e mais a falta d´água, traz-nos um fato inusitado: a população dessas cidades também estão andando com a lata d´água na cabeça (o povo do sertão nordestino não está mais sozinho, embora muito mais acostumado com a escassez de água, e está aí a honrosa característica: povo corajoso, persistente e fervoroso). 

Indústrias que dependem da água para suas atividades já estão preocupadas com a escassez de água na cidades de São Paulo. Algumas estão funcionando parcialmente; outras ameaçam fechar se o problema se tornar mais grave.  E, a cada dia, a situação vai se agravando, embora uma evacuação em massa ainda não esteja na ordem do dia. Futuramente, poderá ser uma medida dramática e radical, na opinião do filósofo Roberto Malvezzi, da equipe de preservação do rio São Francisco, caso as autoridades continuem a contar somente com as chuvas para resolver a crise, sem criar um Plano B.

Mas a culpa é de Deus e do seu Ministro das Águas, São Pedro. É o que já estão discursando as autoridades!

Ainda pela manhã, ouvi no noticiário que haverá racionamento de água em São Paulo. Putz! Até que enfim admitiram. Passaram, desde o início do problema, no ano passado, a afirmarem que não teria racionamento. Onde está a transparência, da água e dos atos?

Ora, se Deus não ordenou ao seu Ministro, Pedro, para que enviasse água - leia-se chuva - e por aqui os "Ministérios do Faz de Conta" não tinham (e ainda não têm) um Plano B, então é necessário racionar, haja vista a capacidade do Sistema  Cantareira está muito aquém do esperado.

Desde cedo, desde há muito, estava claro que seria necessário racionar água, até mesmo para uma criança de 5 anos, que assim concluiria, caso fosse-lhe perguntado: - Joãozinho, se tenho uma caixa d´água com 2 mil litros de água para saciar a sede de centenas de pessoas, todos os dias, mas não faço reposição da água nessa caixa, depois de razoável tempo, se a água da chuva não for armazenada na caixa, o que poderá acontecer?
- Fessôra, tá na cara: vai faltar água para essas pessoas!

Mas as autoridades estão culpando Deus pela falta d´água. Deus, o "chefe maior" e seu Ministro das águas, São Pedro. E creio ter descoberto a pólvora: Querem mesmo é mais um Ministério para formar os 40 do Alibabá (Ali-Babá). Afinal, já são 39. Haja contribuição e impostos do trabalhador para alimentar toda essa máquina de sugar recursos públicos.

Se o Sistema Cantareira está passando pela mais dramática crise de falta d´água, essas mesmas autoridades não deveriam indenizar as pessoas, hospitais, residências, indústrias, bares, restaurantes, agricultores, por perdas e danos? A quem cabe fazer estudos constantes nesse sentido,  para evitar iminente crise?

A certeza que temos é uma só: o mundo está cada vez mais sedento de água. E saciar a falta d´água tem se tornado um desafio mundial cada vez mais complexo. Outro desafio é aumentar a vazão de água para as lavouras, considerando que as áreas urbanas já estão sedentas. A escassez da água vai atingir, sobremaneira,  diversos segmentos, inclusive o agropecuário. Preços das frutas, verduras e hortaliças ficarão mais caros, tudo por conta da falta d´água. Brevemente, estaremos sentindo nos bolsos o impacto dessa crise (mais uma).

Na contramão disso tudo, uma ironia do destino: "o Brasil é um país privilegiado, com cerca de 12% da água doce superficial do Planeta correndo em nossos rios. Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), esse percentual representa o dobro de todos os rios da Austrália e da Oceania, é 42% superior ao da Europa e 25% maior do que os rios do continente africano. Aproximadamente 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano, o que favorece a formação de uma extensa e densa rede de rios. "

A Região Amazônica - em especial a Amazônia, paraíso no qual habito - , é a região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O (meu) Rio Amazonas possui o maior volume de água, considerado, portanto, um rio essencial para o Planeta. Porém, se continuamos a desperdiçar água, potável ou não, acabaremos perdendo nossos rios, a exemplo dos igarapés que “cortavam” as ruas e avenidas de Manaus. Hoje são filetes de água, poluídos.

É iminente a perda de nossos rios, nossa água,  para aqueles que estão com mais “sede”. Que seja ainda ficção, mas não descarto a possibilidade de começarem a “emprestar” água do Rio Amazonas para outros lugares – até mesmo exterior – a exemplo de como o Brasil já está praticando,  com o “empréstimo” de energia elétrica, dos hermanos argentinos.

O Brasil, conhecido como o País da abundância (e da bunda também), perderá o título, se não começar a despertar para o apocalypse da água (e da bunda, porque muitas, engrandecidas com silicone, também estão despencando).

Com sistemas de abastecimento ultrapassados e comprometidos, não é raro nos depararmos com canos estourados em meio às ruas, jorrando milhões de litros de água. Os postos de lavagem de veículos desandam a usar esse recurso natural como se nunca viesse a faltar; nas residências a torneira fica aberta enquanto lavam as calçadas. É uma pequena amostra dos desperdícios, que em muito nos custará,em um futuro bem próximo.

Enquanto isso, vou pedir que agendem uma reunião com São Pedro, para que nossos (des) governantes aprendam algumas técnicas de armazenamento de água. Ou, em último caso, vamos todos ao enterro do "volume morto".




Mamãe Coruja



2 comentários:

  1. A próxima guerra mundial será a guerra da água?...

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  2. Não torço por isso, mas Passos caminham para a Guerra, e aí quero ver quem Castrou Alves, se foi mesmo Machado de Assis.

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